domingo, 22 de setembro de 2013

A DITADURA DA FELICIDADE (OU DA EUFORIA?)

Sem querer ser chata, já sendo: vivemos num terrível momento do imperialismo emocional. 

Todos dizem o tempo todo como você precisa se sentir, como você deveria se sentir, como deveria agir, pensar, fazer. Pra tudo se tem receita, pra tudo se tem um método eficaz. 

O nome de Jesus Cristo virou solução para todos os males, todas as tragédias, todos os dilemas, todos os problemas do mundo. 

E eu, lamentavelmente, não consigo entender as coisas assim. Não consigo entender que um Mestre, um grande Mestre possa resolver, como num passe de mágica todo e qualquer problema, simplesmente porque Ele foi um Mestre, não um mágico. Tanto é que morreu na cruz, ao lado de ladrões. 

Ele ensinou, tentou ensinar, como é próprio dos grandes Mestres, mas Ele não tem a solução dos nossos problemas e nem pode abraçá-los. 

As religiões vendem um Jesus Cristo no qual eu não creio. Por isso me afastei de todas elas, porque não concordo com essa visão e porque não concordo com o comércio nos templos. 

Hoje não são as moedas de ouro que iriam cair ao chão, naquela rodada de baiana boa e necessária que Jesus deu, vendo o comércio no templo. Hoje cairiam cds, dvd's, Cruzeiros marítimos, ingressos para shows, e toda uma extensa gama de produtos "evangelizadores". Não me excomunguem, não me linchem...please...mas é isso o que eu penso.

Por traz de tudo isso e ao lado de tudo, caminhando junto, existe a ditadura da Felicidade. Assim como há a ditadura da beleza, da magreza, da saradeza kkkkk, da perfeição....a ditadura do kit: carro+casa+status+fama,+ luxo... A ditadura do dinheiro. A louca corrida em busca do ouro. 

Os poucos que lerem este texto pensarão: "Ela diz isso porque é pobre." E eu te garanto: não. Eu digo porque me incomoda a ditadura da felicidade tão difundida hoje em dia...

A tristeza passou a ser um sentimento vil e insignificante, pecaminoso até. Ser ou estar triste é como se você estivesse cometendo um crime. A palavra FELICIDADE virou algo tão banal quanto a palavra AMOR.

Você tem que estar consumindo, festejando, agitando, se alegrando, transando (eu disse TRANSANDO, não AMANDO)...você tem que estar pegando, sendo pega, comprando, viajando, mostrando ao mundo o tempo todo como você é lindo, privilegiado e ....FELIZ. 

Mesmo que no fundo...bem no fundo, sua vida seja tão comum quanto a de qualquer ser humano normal. Quando me refiro a um ser humano "normal", quero dizer: alguém que sente a vida, em todas as dimensões e lida com a tristeza e a alegria, não nega o sofrimento, não se faz de vítima e nem tampouco de herói. Gente...gente igual a todo mundo que sabe ser GENTE. 

A ditadura da felicidade gera, entre tantas coisas, um artificialismo nas pessoas, uma superficialidade que chega a dar pena. Talvez eu diga isso porque sou daquele tempo em que falávamos da vida, não de coisas e nem de pessoas. Falávamos do amor, de músicas, de arte, de poesia, de assuntos que realmente são intrigantes, são interessantes. 

É...talvez eu só esteja mesmo ficando velha...tenho achado os ambientes muito pobres e chatos de se conviver. O problema deve estar em mim, que penso demais, que sinto e observo muito...coisa de quem está mesmo ficando de saco cheio de viver. Putz....e eu nem cheguei aos 50....

Como bem diz Rubem Alves: "Felicidade é uma coisa muito grande..." 

"Se você ama Jesus, compartilhe...." "Obrigada, Jesus, por isso...." Gente, Jesus não curte facebook não, ele é um espírito evoluidíssimo...... kkkkkkkkk 

Tudo bem, cada um posta o que quer. Cada um entende a felicidade como quer. Mas que é muita ditadura, muita imposição de regras e crenças e modos de vida, isso é.

No fundo, a ideia é só uma: ganhar dinheiro em cima dos solitários que, por não terem com quem falar, falam sozinhos no facebook ou buscam alguém pra conversar, naquela imensa torre de Babel. Assim é no face, assim é com as religiões que vendem a Felicidade, a prosperidade, a solução de todos os males, pela fé nos dogmas. 

E deixo a pergunta, tão feita por tantos que pensam como eu: que Deus, que Jesus é esse que permite a infelicidade de tantos, em detrimento à felicidade de outros tantos????

Nenhuma religião ocidental ou doutrina me convence. Enquanto isso, em Gothan City, muitos acreditam que a felicidade seja um sentimento ou sensação possível e que está fora de si e não dentro. 


2 comentários:

  1. Xiiiii amiga!!! Forte mesmo. Os vendilhões do templo só mudaram a imagem.E é o tempo da imagem falsa, do que é oco e vazio...TEM que se mostrar felicidade, na medida "politicamente correcta", para que os outros vejam como somos lindos, amados e bem resolvidos. Se Jesus voltasse seria ignorado e abandonado numa rua qualquer. O mundo vive de aparências. E meio mundo do nosso mundo próximo...também. A idade dá-nos(mas garanto que não é a todos!!!), o dom de observar os outros e perceber tão facilmente como são falsos e vazios. E nós aqui ficamos cada vez com um número mais reduzido de amigos de verdade...daqueles sem máscara. É que se tropeça nas "falsas vitimas e falsos heróis felizes"!! Engolem-se risos e choros porque "parece mal"...Como eu abomino estes "pareceres"!!! Que canseira viver para "agradar" aos outros...a um mundinho que nos dá um pontapé no real traseiro e nos desvaloriza. Epah....este seu post tem taaaanto mais para comentar!!! Beijo querida Té! Da Portuga...claro! :)

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  2. Verdade...querida...muita canseira essa coisa de ter que agradar, né? Ai que preguiça.....kkkk beijooooo

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