terça-feira, 20 de novembro de 2012

CONEXÃO VERSUS SOLIDÃO

Ontem no Blog da Maria Tereza, meu primeiro blog, que deu origem à série kkkkkkkkkkkk, vi várias buscas do Google sobre a depressão, a solidão e a perda de sentido na vida - temas que sempre me preocupam. 

Gente, o que está acontecendo com o relacionamento humano, com a capacidade do homem de se relacionar com o outro e interagir, em trocas produtivas e ricas? Seria culpa da modernidade? 

Afinal, se nunca estivemos tão conectados, linkados por uma enorme rede, porra...por que ainda padecemos de tantos males como a solidão, a falta de ter alguém com quem simplesmente conversar?

Penso que a questão envolve pressupostos sociológicos, antropológicos e filosóficos, mas vou tentar resumir a meu modo essa zona toda: o homem está conectado com as máquinas, mas cada vez mais distante de si mesmo e consequentemente, olhar nos olhos do outro dá muito mais trabalho, requer habilidades emocionais que boa parte das pessoas hoje  não se dispõe a construir. 

Para quê gastar tempo, saliva, latim, 171 em construir um relacionamento amoroso, se o sexo hoje é fácil, gratuito, uma gozada básica está ao alcance da sua mão?E você nem precisa pagar, a oferta é enorme...Comer e ser comido é apenas uma questão verbal: só depende do papo reto ou da conversa prá boi dormir que você jogará com maestria. 

É muito mais fácil se relacionar por email, celular, facebook e todas as demais redes sociais. Através destes recursos você se doa, se envolve o mínimo possível necessário com o máximo de resultado imediato: NADA. 

Ontem, já tarde da noite parei o que estava fazendo para dar uma atenção especial a uma amiga que está passando por problemas sérios de saúde. Infelizmente moramos em estados diferentes e não posso estar lá, na casa dela, dando o apoio concreto que ela requer agora e que eu gostaria muito de dar. 

É nessa hora que as redes sociais alcançam todo o seu poder de interatividade e realmente valem a pena. Não há dúvidas quanto à importância da internet e das redes, mas elas são apenas vias...vias de um real que é concreto e comporta demandas afetivas importantes. 

Nenhuma rede social jamais substituirá o contato real, o beijo, o abraço, um olhar de compreensão e solidariedade, um ato concreto de amizade incondicional. 

Nem falo de amor, porque este anda tão detonado pelo imediatismo, pela busca desenfreada de alguém para receber sua carga de carência erótica-sexual, que penso que estamos todos em uma enorme Torre de Babel mesmo: fala-se demais, fala-se levianamente em amor e  há tanta falta de sentido e beleza nas relações. 

Sexo, então, tem se tornado um festival de bizarrices e práticas ridiculamente estranhas. Sexo simples e real, tesão, um pau e uma buceta se amando loucamente, beijos e línguas e mãos é algo cada vez mais raro. Sexo tem se tornado um espetáculo de horrores. Ai que preguiça isso tudo me dá...me dá uma descrença. kkkkkkkkkkk

Ontem me peguei chegando a uma conclusão que demorei tanto a construir...e sorri para mim mesma, sentindo uma paz solitária, minha companheira de sempre e  me veio exatamente o seguinte pensamento: É...realmente, amor é uma coisa, sexo é outra. E a solidão é o recheio.

Penso que precisamos cada vez mais nos conectar com a nossa essência humana e não apenas com as máquinas que nos cercam. E essa busca, esse encontro é algo muito...muito pessoal. 

Eu tenho pelo menos três formas de me conectar comigo mesma: lendo, escrevendo e nadando. Preciso nadar mais, quase não tenho ido ao clube...a água tem um efeito muito intenso sobre minhas emoções, no sentido de harmonizá-las.

Você só poderá estabelecer vínculos positivos com o mundo se não perder a conexão consigo mesmo. E a perda do contato com você mesmo resultará em relações sequencialmente pobres, fragmentadas e frustrantes. 

Você só poderá lidar com a presença, valorizá-la, sugar dela toda a beleza que ela pode conter, se aprender a olhar de frente para sua solidão, escolhendo como se sentir diante dela: uma pessoa que tem de fato algo a oferecer, a começar por si mesmo ou alguém pegando papel na ventania, pescando botina velha furada e agindo exatamente como tantos que, por temerem a solidão, terceirizam a própria felicidade.

Sem querer ser clichê, já sendo: deixe a paz invadir seu coração.

Um beijo, gente!

Um comentário:

  1. Nila Dourado Andrade16 de agosto de 2014 às 18:21

    Devo ter comentado esse texto na ocasião, sempre comento, isso se não for eu mesma a doentinha que relatou.
    Já falei noutras vezes, que raramente me sinto solitária, mas sempre escolho estar comigo mesma, sem interferências nulas.
    Beijos minha amiga.

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