domingo, 14 de outubro de 2012

REFLEXÕES SOBRE A SOLIDÃO

Apenas quem já sentiu sabe dimensionar o que seja. Não vou falar do lado bom e prazeroso da solidão, do quanto é importante você usá-la a seu favor, do quanto é bom aprender a se sentir bem e feliz ao lado de si mesmo. Mas falarei sobre o quanto a solidão é um conceito bastante relativo e não significa estar desacompanhado.

Na minha opinião, a pior solidão que pode existir é a solidão acompanhada. Estar ao lado de alguém e se sentir profundamente só. Louco não? Mas é muito comum, ouso dizer que é "normal". 

Há pouco tempo estive visitando um asilo, passei algumas horas lá conversando com os idosos e algo me chamou a atenção, entre tantas coisas que senti: um asilo é um espaço de convivência onde a solidão é quebrada por sons e movimentos constantes, por um grupo de pessoas que estão ali para viverem juntas. 

Essa experiência abalou e aprofundou o conceito que eu tinha de solidão. Aquela solidão não é a pior, eles têm uns aos outros, eles têm cuidadores e eles cuidam uns dos outros. Eles se implicam, se cutucam e alguns até mesmo se relacionam amorosamente. 

Conheci lá um casal cuja história me impressionou demais e foi até noticiada pelos jornais da região: eles se conheceram há 40 anos, se amaram e acabaram se separando. Ela se casou com outro, teve filhos. Ele também. Passado tanto tempo eles se reencontraram no dia em que ela, por decisão própria, foi morar naquele abrigo para idosos. 

Conversei muito com essa senhora e até fiz uma matéria que postei no Blog da Maria Tereza, meu blog que se encontra em estado de "estante virtual". E ela me relatou que ao chegar lá, ele estava no hall tomando sol e eles se olharam e se reconheceram. E ele a olhou da mesma forma como há 40 anos. 

Essa senhora é muito lúcida, 60 e poucos anos apenas. Depois de tanto tempo eles retomaram a relação e pasmem: ficaram noivos! rs Lindo demais isso! kkk Ela me fez rir muito e chorar com suas histórias, fiquei encantada.

Ela me disse que optou pelo asilo para não sentir mais solidão, preferiu assim, já que ninguém tem tempo, todos os filhos trabalham muito e tal. A lucidez e auto-estima dela me surpreenderam: em momento algum ela se queixa da vida, dos filhos, dos desencontros. Lá ela se tornou como uma líder e tem o direito de viajar sozinha para ver a família nos finais de semana, quando o "Bem" deixa, né? kkk Ela enfatizou. O noivo é louco por ela e sente um ciúme lascado quando ela viaja. 

Tudo isso me deu a certeza do que afirmei acima: a pior solidão é aquela ao lado de alguém. Muitos casamentos chegam nesse ponto na maturidade ou mesmo na juventude. O desgaste da relação afetiva e o fim da vida sexual por algum motivo específico, torna o casamento o lugar onde se cria menos laços e se faz menos sexo. Claro. Os sexólogos apontam estes dados não é de hoje. 

O que fazer diante dessa sensação-sentimento de estar só? Ora, fortalecer a auto-estima, buscar novos interesses ou resgatar interesses que você tinha e o casamento a fez esquecer, descobrir prazer em novas atividades, cuidar da saúde, do corpo, da cabeça. Ler mais, se instrumentalizar para lidar com o fato de que a vida é bela e o mundo não vai parar pra você sentir sua dor e nem as pessoas vão senti-la por você. 

Encontrar-se dentro dessa solidão acompanhada e não perder a própria identidade é fundamental. E é ai que você percebe o que realmente o ninho vazio significa: você agora pode retomar sua vida, seu voo. Já alimentou seus filhotes que cresceram e voam com as asas deles, não com as suas.

Aproveite que o ninho ficou vazio e não perca essa oportunidade de voar também. Não aceite resignadamente a solidão acompanhada como um fardo. Voe sozinha, descubra o prazer de novas paisagens, pouse para descansar quando quiser, quando precisar. Mas voe. 

A solidão pode ser uma oportunidade de descobrir que o mundo não acaba na linha do horizonte. Acredite em um novo amanhecer.Acredite em VOCÊ. 

Um beijo, gente.

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